smarthphoneGovernos e empresas em todo o mundo estão com dificuldades para encontrar especialistas em segurança de redes — em outras palavras, hackers. A razão é a  súbita tomada de consciência, tanto no setor público quanto privado, de que computadores e smartphones precisam de muito mais proteção do que estão recebendo. Os alvos mais fáceis e em maior quantidade atualmente são os donos de smartphones, conta André Carraretto, estrategista de segurança da Symantec. “Em 2012 houve um aumento de 58% nos ataques à plataforma Android. E as estatísticas mostram que, agora, 47% dos ataques são direcionados para alvos escolhidos a dedo — pessoas, empresas ou setores”, acrescenta ele.

Sergio Thompson-Flores, CEO da Módulo, lembra que no mundo físico temos reações de proteção intuitivas, mas no digital elas ainda estão se desenvolvendo. “O uso de TI teve uma aceleração exponencial, mas isso vem associado a riscos. E enquanto não temos os ‘anticorpos’, precisamos nos proteger com outros meios.”

O setor anteriormente preferido para os ataques era o financeiro, mas “temos visto um crescimento no setor de manufatura, possivelmente por causa das informações no domínio da propriedade intelectual”, detalha Carraretto. Nos últimos 12 meses, houve também um aumento dos ataques contra pequenas e médias empresas: de 18% para 31% do total. “Quem ataca sabe que uma empresa dessas pode dar acesso a outra maior”, lembra ele. O outro lado da questão é que as companhias especializadas em segurança digital ganham cada vez mais dinheiro, como evidencia a última pesquisa “Cost of Cybercrime”, do Ponemon Institute, dos EUA: de 2012 para cá, o custo para reparação dos danos de um ciberataque cresceu 26%; e nos últimos quatro anos, 78%. Feito com 234 empresas, das quais 60 americanas, o estudo mostra que em cada uma o custo médio da reparação alcança US$ 11,56 milhões por ano.

Só no Brasil, o cibercrime dá prejuízos da ordem de US$ 18 bilhões anualmente, acrescenta Carraretto, da Symantec. No mundo inteiro, US$ 113 bilhões. “Em 2012,cerca de 22 milhões de pessoas foram prejudicadas por esses crimes aqui”, acrescenta. Anchises Moraes, analista de Inteligência da RSA, divisão de segurança da EMC, afirma que os países que mais sofreram ataques a empresas em 2012 foram, pela ordem, Reino Unido, EUA, Canadá, Brasil e África do Sul. “Atualmente, abordagem de reagir a eventos de segurança deve dar lugar à segurança baseada na inteligência e nos processos de negócio, com a coleta de dados de diversas fontes internas e externas e uso de técnicas analíticas para detectar sinais de ataque ou risco”, afirma Moraes.

As notícias que a IBM tem sobre o tema também não são boas, lamenta Felipe Peñaranda, líder de segurança da empresa para a América Latina. “Nosso relatório semestral mostra que chegamos à metade de 2013 com o mesmo total de ameaças de 2011. E o que nos chama a atenção é a sofisticação dos ataques”, espanta-se Peñaranda.

“Muitos dos alvos agora são pessoas com privilégios dentro das organizações, entre eles administradores de TI. E há casos comprovados de envolvimento de Estado sem certas ações. A China é um deles”,afirma. Não é por outra razão que a IBM investe na aquisição de empresas de segurança, a última delas a Trusteer especializada em prevenção de fraudes financeiras. Mariano Sumrell, diretor de marketing da AVG Brasil, reconhece que as pessoas dão razoável atenção a seus computadores, mas ainda estão despertando para as ameaças dirigidas aos smartphones.

“Há dois ou três anos isso ainda não era problema, mas hoje é. Como a utilização de smartphones se tornou grande, é aí que o cibercrime ataca — justamente onde há mais usuários e onde o retorno pode ser grande.” (PB)

Leia Também:

Smartphone mais seguro do mundo, QSAlpha Quasar IV vai ser produzido mesmo sem crowdfunding

No Brasil, 57% dos usuários de smartphones foram vítimas de crimes virtuais

7 características de um aplicativo seguro para smartphones

Fonte: Valor Econômico